quinta-feira, janeiro 25, 2007

Prostituição jornalística

Todos nós sabemos que a imparcialidade é um dos princípios reguladores da actividade jornalística. Infelizmente, constatamos diariamente que não é isso que se passa em Portugal. Não faltam por aí jornalistas com muitas opiniões para dar e vender. Tudo bem, são pessoas como nós e têm direito a emitir a sua opinião, desde que seja em locais próprios e não camuflada sob a forma de notícia.

Quem ler diariamente os jornais pode constatar isso com alguma facilidade. São frequentes as mensagens subliminares nas notícias sobre o aborto.
Um exemplo: leio diariamente o JN, jornal que dedica 1 ou 2 páginas diárias ao referendo sobre o aborto. À primeira vista parecem ser imparciais: há notícias a favor do não e notícias a favor do sim. O problema, é que as notícias a favor do não são quase sempre acompanhadas de uma opinião do Clero, de uma foto de um bispo ou de uma velhinha com um lenço preto e a rezar o terço.

Todos nós temos algo de anticlerical, de revolta contra certas posições da Igreja. Muitos apoiantes do sim, incluindo muitos jornalistas, tentam explorar isso ao máximo, associando sempre o voto no não à Igreja, na tentativa de conquistar os votos de protesto contra a ICAR. Todos os dias, sem excepção, existem palestras, conferências e actividades dinamizadas pelos grupos cívicos do não. Infelizmente, os jornalistas ignoram essas actividades e limitam-se a emitir opiniões do Clero. porque será?

4 comentários:

Anónimo disse...

olá
Vida Sempre...
Existe um novo hino para a campanha pela Vida:

http://guardavida.blogspot.com

Vamos todos Cantar a vida.

Carlos Duarte

Anónimo disse...

Concordamos com esta opinião...

Anónimo disse...

Chegou:

http://www.guardafiscal.blogspot.com/

Anónimo disse...

Caro Fernando,

julgo que neste caso falo com algum conhecimento de causa. Sou jornalista, e embora não tenha trabalhado em todas as redacções deste país, trabalhei em várias, incluindo a do JN no Porto. Acho, como diz, que há um desvirtuamento notória dessa missão de ser imparcial, mas não será apenas e só culpa dos jornalistas que, asseguro-lhe, não fazem o que querem. No meu caso, posso dizer com relativa satisfação que não sinto grandes limitações ou constrangimentos ao que escrevo, mas sei de casos em que isso acontece, e é a direcção do jornal, da rádio ou do canal de tv que dita o que é e o que não é notícia, segundo critérios tão «válidos» como a troca de favores com algumas instituições ou amigos. A imparcialidade está, efectivamente, comprometida. E está mais comprometida ainda quando são tão más as condições de trabalho dos jornalistas, que se vêem tantas vezes forçados a driblar a moral e a ética para poderem sobreviver num mundo cão como é o Jornalismo nos dias de hoje. Não estou, obviamente, a desculpar os deslizes e essas notícias mal construídas de que dá conta. Nem sequer a dizer que se trata apenas de pressões, porque também há a simples incompetência de quem escreve, que por ter a profissão que tem se julga dono da verdade. Tudo isto é lamentável, de facto, como é lamentável que tenha de concordar consigo na assunção de que o jornalismo lusitano está longe de ser um exemplo de bom jornalismo...