Os adeptos do SIM não podem, porque joga contra eles, discutir de forma séria o estatuto do feto. É por isso que, quando a questão é colocada recorrem a este tipo de larachas a que recorre Daniel Oliveira. É por isso que o SIM começará a perder votos quando começarem a aparecer os cartazes com os fetos. Como os adeptos do SIM não querem teorizar sobre o que é que faz do feto uma "não pessoa" perderão votos em relação àqueles que dizem que o feto é uma pessoa. Comparar o feto com um espermatozóide não adiantará de nada porque, para além de não serem a mesma coisa, toda a gente vê que não são. O grande problema para o SIM é que o único salto abrupto do desenvolvimento humano ocorre no momento da fecundação. Todo o restante desenvolvimento é continuado não sendo possível identificar fronteiras claras. Por isso a defesa da tese de que o feto é uma "não pessoa" será sempre complicada e assente em argumentos subtis pouco condizentes com as tácticas habituais dos defensores mais radicais do SIM.
João Miranda, no Blasfémias
João Miranda, no Blasfémias
7 comentários:
Admira-me que o Fernando repesque este texto do João Miranda que me pareceu proveniente de uma pessoa bastante desinformada e com pouca capacidade de relacionamento de argumentos. Já tinha deixado lá um comentário e pensei que era caso único este de tratar fetos e embriões como pessoas mas afinal enganei-me. Acho que com isto o debate atinge novos patamares de insustentabilidade. O "não" está definitivamente fora de si.
Eu e o Luis V já discutimos bastante o estatuto de "pessoa", já sabemos quais são as posições de cada um.
Eu continuo a achar que o estatuto que o Luis V define permite o aborto até muito tarde e não me conseguiu explicar direito porque razão não defende então que se alargue o prazo das 10 semanas para as 28.
Ora viva, Fernando...
Vinha só comentar que dizer que uma coisa depende de "argumentos mais subtis" não é o mesmo que dizer que está errada. E tb me parece mau argumento brandir os "cartazes com fetos" - como seria mau argumento brandir cartazes com fotos de mulheres mortas pelo aborto clandestino; é ou não é?
A propósito disso, o BE encenou há dias um teatro a exemplificar a humilhação das mulheres, com algemas, correntes e mulheres ajoelhadas. Concorda com esse tipo de argumentos?
Não, não concordo com nenhuma dramatização (em qualquer sentido) dos argumentos. Acredito no apelo à razão e a que as pessoas pensem nas coisas. Mesmo compreendendo que, no calor da conversa, haja exageros - dos dois lados.
Também eu não concordo com essa dramatização.
Já que apela à razão, não seria lógico por de lado esse sentimento de laissez-faire, do género "eu não concordo com o aborto mas não me importa que outros o façam" e assumir uma posição de defesa de um princípio universal, o da vida?
Eu nunca disse que não concordo com o aborto, lamento se de alguma forma fui pouco clara. Nunca estive grávida sem desejar ter um filho, mas se tivesse acontecido seria, com toda a certeza, a minha opção. E já prestei auxílio a várias mulheres que fizeram tal opção. Pronto, está feita a minha "declaração de interesses"...
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