O JPN escreveu um belo texto sobre a definição de vida. No entanto, os seus argumentos tropeçam, a meu ver, neste pormenor: "Não nos dizem que é uma pessoa porque fala, porque se exprime, porque se autodetermina, porque necessita de ser livre, porque necessita de ser cultivado e educado."
Ora, caro JPN, pegando na definição do ser humano como um ser bio-psico-social, tenho de discordar da sua opinião porque refere apenas fragmentos das vertentes psicológica e social. Faltou-lhe falar da vertente biológica. Em relação a outro ponto do texto, o da diferença da pena a aplicar ao homicídio de um ser adulto e ao aborto de um feto, creio que poderá encontrar um justificação nessa mesma definição. O feto ainda não possui as vertentes psicológicas e sociais que definem o ser humano. Essas começam a ser "construídas" a partir do nascimento.
Note que considero vida humana um ser que não possua todas as vertentes porque, se assim não fosse, não poderia considerar vida humana alguém deficiente profundo desde a nascença, por exemplo.
Ora, caro JPN, pegando na definição do ser humano como um ser bio-psico-social, tenho de discordar da sua opinião porque refere apenas fragmentos das vertentes psicológica e social. Faltou-lhe falar da vertente biológica. Em relação a outro ponto do texto, o da diferença da pena a aplicar ao homicídio de um ser adulto e ao aborto de um feto, creio que poderá encontrar um justificação nessa mesma definição. O feto ainda não possui as vertentes psicológicas e sociais que definem o ser humano. Essas começam a ser "construídas" a partir do nascimento.
Note que considero vida humana um ser que não possua todas as vertentes porque, se assim não fosse, não poderia considerar vida humana alguém deficiente profundo desde a nascença, por exemplo.
7 comentários:
Então, e seguindo o mesmo raciocínio "lógico", a pena para quem mata um deficiente profundo devia ser igual à de quem mata um feto. Correcto?
Cara Teresa,
o exemplo do deficiente profundo foi colocado de forma a evidenciar as contradições do raciocínio do JPN.
No entanto, discordo da sua conclusão, porque o deficiente profundo cria a sua volta todo um ambiente de emoções que potenciam o choque gerado pelo seu homicídio.
Ou sendo politicamente incorrecto, talvez se aplique mais o ditado "Olhos que não vêem,
Coração que não sente". Aliás, penso mesmo que este ditado resume muitas das posições do pró-aborto.
e lá vamos nós outra vez. Presumo que o estatuto de pessoa completa de um deficiente profundo não lhe é inerente, mas é um reflexo que lhe chega através dos outros. Mais uma pergunta. E se o deficiente profundo viver sozinho e não tiver ninguém "emocionalmente envolvido" na sua vida?
Já agora, essa dos olhos que não veem coração que não sente tem piada. Toca-se a campainha e morre o mandarim na China... ou então vamos vivendo na paz podre dos abortos clandestinos - se não se souber não choca...
Pois é, por vezes os nossos proprios argumentos mordem-nos as canelas.
Cara Teresa,
eu vejo, conheço e sinto a dor das mulheres que abortam. Mas pense uma coisa: acha mesmo que os problemas passarão com a liberalização? Olhe, por exemplo, para as estatísticas da insuspeita APF e constate que o aborto ilegal é feito, predominantemente, por médicos, enfermeiros ou parteiras em clínicas ou consultórios. Se ele for liberalizado, a única diferença será a de ser feito em clínicas mas, no entanto, usando exactamente os mesmos métodos que já usam os que o fazem ilegalmente. Pouco irá mudar.
O verdadeiro trauma do aborto, Teresa, é o acto de o realizar, independentemente do local ou das condições. É por isso que é muito mais lógico aplicar os tais 25 milhões de euros em ed. sexual, em instituições de apoio às mães e às crianças, no apoio à maternidade. Porque esta é a única forma de reduzir efectivamente o número de abortos que penso que será o que ambos desejamos.
Pode ser uma tarefa difícil, mas vale a pena lutar por ela, a bem das mulheres e das crianças.
Meu caro,
Acho que está a cometer um erro de "classificação". O que está em discussão não me parece que seja a liberalização mas a descriminalização. Se diz, e muito bem, que os abortos já se fazem, se todos sabemos isso, e se até há partidários do não que defendem que as mulheres não deviam ser punidas apesar da lei não ser mudada, porquê continuarmos a ser como avestruzes?
Sabe, há coisas engraçadas - o incesto, por exemplo, não está liberalizado, mas no entanto não é punido criminalmente.A prostituição não é crime e não me parece que seja por isso que viramos todas prostitutas. Quem tentar o suicidio também já não vai preso, o adultério desapareceu do Código Penal.Até os cheques sem provisão vão deixar de dar cadeia.
Não estamos a discutir, ou não deviamos estar, valores morais, mas somente política criminal.Não me interessa discutir se acho bem ou mal que se faça um aborto.Interessa-me sim perceber se quem o faz, hoje, aqui, agora, deve ou não ser perseguido criminalmente. A esta pergunta a minha resposta é só uma - Não, não deve e portanto, sim, a lei deve ser alterada.Para julgar o resto temos todos nós a consciência e alguns as suas religiões.
Se, por outro lado, vamos transformar isto numa questão de verbas bem ou mal distribuidas então estamos a discutir politica orçamental do estado. Nessa, apesar de por vezes nos esquecermos, temos todos uma palavra a dizer. Essas opções estão nos programas partidários que nos são dados a escolher sempre que elegemos os futuros legisladores - mais conhecidos por deputados, claro.
A Teresa duvida que a despenalização se vá transformar em liberalização?
E já que falamos de ser ou não ser crime, responda-me se puder:
Das tais 20 mil mulheres que abortam por ano, quantas foram perseguídas? Quantas foram julgadas? As que foram julgadas em mês estavam da gravidez?
Essa história da "perseguição das mulheres", Teresa, é uma falsa questão, é areia atirada para os olhos das pessoas. Não se fie nos outdoors do BE!
Mais razão me dá. Se não são julgadas, se a norma já quase não tem efeitos práticos, para quê mantê-la? Para sossegar algumas consciências?
E não, não me costumo fiar em outdoors. Felizmente nem em indoors. Costumo até pensar um pouco antes de abrir a boca ou carregar bandeiras só porque sim ou porque não.
Não me cole etiquetas. Não falei nunca em perseguição de mulheres. Falo numa norma penal que desde há muito não é aceite pelo próprio sistema e que deve ser alterada de forma a estar conforme a uma realidade social por todos, e sim, digo por todos, já aceite. A diferença é que alguns assumem e aceitam e outros vão aceitando mas não assumem.
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