quarta-feira, novembro 15, 2006

Questões alternativas (III)

“Concorda que o Estado gaste dinheiro dos seus impostos a remediar os erros de quem não soube planear uma vida sexual consciente?”


4 comentários:

anabananasplit disse...

Hmm... e concorda que o Estado gaste dinheiro dos seus impostos a tratar diabéticos que não souberam ter cuidado com a saúde? E com estropiados de acidentes de viação que não souberam ser responsáveis? E com alcóolicos e demais drogados que não tiveram força de vontade para se manterem limpos? E com mulheres com cancro da mama antecipado ou despoletado pelo uso de anticoncepcionais hormonais? E com fumadores que não quiseram resistir ao vício? E com obesos mórbidos que não conseguiram controlar os seus apetites?

Há muitas questões alternativas, não há?...

fernando alves disse...

Sim, há muitas questões alternativas. Repare que, talvez com a excepção dos toxicodependentes, em todos os outros casos que referiu não é praticado nenhum crime nem algo que ofenda a consciência ou os valores da maioria da sociedade.

No caso do aborto, o não planeamento de uma vida sexual consciente conduz à realização de um crime ou de algo moralmente condenável por grande parte da nossa sociedade. Era a isto que me queria referir quando elaborei a questão, talvez não tenha sido suficientemente claro.

anabananasplit disse...

Desculpe lá, mas os tipos que andam na estrada a matar e ferir terceiros são criminosos, sim! E ofende a consciência e os valores da maioria da sociedade... E os alcóolicos que depois vão prá estrada e aumentar o número de estropiados, e dar porrada na mulher e nos filhos e destruir famílias também me parecem ofensivos e criminosos.

Um aborto só é 'crime' se a sociedade assim o decidir. É como o adultério, era crime, deixou de o ser, embora o possamos condenar moralmente na mesma. Mas ninguém vai prá prisão por isso.

Além disso o seu discurso assume que 1) toda a gente (homens e mulheres) são inteligentes e educados (têm que ser as duas coisas, visto haver muita gente mais ou menos educada nos factos da vida mas não ter inteligência para fazer as opções correctas), e 2) que existe tal coisas como 100 % de eficácia de qualquer meio contraceptivo ou conjugação de meios.

Obrigar uma mulher, ou um casal a ter um filho porque não são suficientemente educados e/ou suficientemente inteligentes, ou obrigar porque tiveram um azar estatístico, não me parece aceitável.

E não há maneira de determinar se uma gravidez indesejada foi fruto ou não de incúria. O justo não deve pagar pelo pecador...

fernando alves disse...

Sim, o justo não deve pagar pelo pecador. Então faz ideia de quantos "pecadores" se aproveitariam da hipótese de abortar permitida aos "justos"? A Ana quer abrir a caixa de Pandora? É que, uma vez legalizado o aborto, ele será acessível a todos, por qualquer razão. Já viu os gráficos da evolução do aborto nos países onde ele foi legalizado? Acha que em todos os casos a mãe estava mal psicologicamente ou tinha dificuldades económicas?