O alerta-me (e a todos os defensores do não) para o facto de defendermos o não contrariando a lei que actualmente está em vigor.
Não deixa de ter razão. Os nossos argumentos denotam a nossa posição sobre o carácter inviolável da vida. No entanto, certas situações impõem uma posição diferente. Apesar das minhas convicções, seria incapaz de encorajar a gravidez em caso de violação (sabia que no Chile nem nestes casos se pode abortar?) e risco de vida para a mulher. Quanto ao aborto devido a deficiência, a minha opinião varia. Como já referi, uma criança pode ser feliz e viver condignamente mesmo em situações de falta de dinheiro, de carinho ou até quando apresenta algum tipo de deficiência. As crianças com trissomia XXI, por exemplo, apesar de terem muitos problemas de saúde, são também muito felizes e uma verdadeira alegria para a família que os acolhe. Já no caso de outras deficiências, a situação pode ser de tal forma grave que agonizaria a vida da criança e da sua família e aqui deve considerar-se a realização de um aborto.
No fundo, trata-se de medir o peso dos dois pratos da balança. Os defensores da vida utilizam argumentos que defendem a vida em qualquer situação mas penso que todos nós concordamos com as excepções consagradas na lei actual. O que nunca sucederia, no meu caso, é dar mais importância ao prato onde estão as razões do “foi um descuido e não usei preservativo”, “não tenho dinheiro para educar condignamente o meu filho”, “não tenho condições psicológicas”, ou “tenho medo da reacção dos meus pais quando descobrirem”. Para mim, exceptuando as excepções consagradas na lei, pesa sempre mais o prato onde está o direito de um ser humano à vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário