quinta-feira, novembro 30, 2006

Não é interromper, é eliminar

Falar de aborto incomoda toda a gente (não se justificará, assim, a abstenção?), mesmo os que são adeptos do “sim”. E incomoda tanto que, hipocritamente, esses adeptos do aborto amaciam a palavra para “interrupção voluntária”…
O aborto não “interrompe”. Elimina uma vida. Mata-a. A vida não se interrompe. Não entra em letargia. A vida ou vive-se ou morre.
Os defensores dos direitos da mulher sobre a sua barriguinha (“aqui mando eu”) esquecem-se que lá dentro está uma vida diferente da sua. Uma vida a ser vivida autonomamente. Numa aventura diferente. Hipocritamente, mais uma vez, os defensores do aborto não falam da criança que ali está. Só lhe falta crescer. mas, lá está inscrito todo um percurso biológico e espiritual a viver no exterior, gradualmente vivendo no interior. Mesmo quando sai para o mundo exterior, a criança continua num processo de crescimento; o adolescente continua num processo de crescimento; o adulto, todos nós continuamos a crescer e nunca completaremos o nosso “edifício”, mesmo quando ele começa a degenerar e a ruir. A vida do ser humano é um permanente caminhar em busca da perfeição.
Todas as mães que estão grávidas não dizem “ando de feto”, mas “ando de bebé”, “vou ter um filho”. Qual é a mãe que, estando grávida, não acaricia, desde a certeza dessa gravidez, o seu ventre e não diz, em silêncio, com emoção “meu filhinho”?
Perante a magnanimidade da vida; perante a aventura do viver; confrontados com a vida de um ser humano que já é a vida do feto, quem gosta da vida, quem ama a vida, quem se conduz pelo coração e pelo bom senso só poderá ter uma atitude: Dizer “não”, um claro e contagiante “não” ao aborto.

Renascença tomou posição «absurda»

Sindicato dos Jornalistas condena decisão da emissora católica de apoiar o «não».

Aguardamos uma posição idêntica em relação ao facto de muitos jornalistas defenderem o sim e também ao facto de certas estações de televisão emitirem propaganda (ups, perdão, reportagens) a publicitar clínicas abortivas em Espanha, onde é dito tudo, desde a morada até ao preço do aborto. Ahh, e aquele episódio infeliz do Manuel Luís Goucha também merecia uma posiçãozinha...

Dualidade de critérios

O artigo anterior serve, entre outras coisas, para provar que os católicos só se devem manifestar se forem a favor do "sim". Se forem a favor do "não" têm de estar caladinhos para que a Igreja não se intrometa em "assuntos que não lhe dizem respeito".

Cegueira feminista

Para ler com atenção, reler e tirar as devidas conclusões:


Convidada para discursar num colóquio sobre direitos humanos, na Assembleia da República, a norte-americana Frances Kissiling, presidente os Católicos pela Livre Escolha (CFFC) acusou a Igreja de, com a sua oposição à despenalização do aborto e aos métodos contraceptivos, pretender, acima de tudo, «manter o poder».

Em declarações reproduzidas na edição desta quarta-feira do jornal Público, a activista considerou que «encontra-se uma paixão nos bispos contra o aborto que não se encontra sobre mais nenhuma questão», já que uma mudança na posição da Igreja sobre estas duas matérias representaria o fim das duas regras «para ter poder na Igreja»: «Tem de ser homem e tem de dizer que não pratica sexo.»

Para Frances Kissiling, a aceitação da contracepção e do aborto significaria reconhecer que «qualquer pessoa teria possibilidade de estar perto de Deus».

A posição da Igreja, sustentou, só se justifica com «algo de profundamente sexista», com a activista a dar como exemplo a forma como a Igreja encara a guerra: «A Igreja admite que pode ser justo tirar a vida de uma pessoas numa guerra, admite que se pode tirar a vida de uma pessoa em legítima defesa, mas uma mulher não se pode defender de uma gravidez perigosa», criticou.

Também oradora-convidada no colóquio, Ana Vicente, investigadora e membro do movimento leigo Nós Somos Igreja, questionou o papel da religião no desenvolvimento das sociedades, ao defender que «as religiões servem de obstáculo ao desenvolvimento e ao empoderamento das mulheres.»

Frances Kissiling acusou ainda directamente o anterior e o actual Papa, afirmando que «os teólogos deixaram de discutir [quando começa a vida] e isso teve que ver com o Papa João Paulo II e de Ratzinger, quando estava à frente da Congregação da Fé. Desencorajaram qualquer forma de discussão teológica.»

A norte-americana explicou ainda «como é que uma católica pode acreditar que o aborto não é crime», lembrando a infalibilidade papal não se aplicava à questão do aborto, assinalou que a Igreja não tinha um posição oficial e definida sobre quando um feto se transforma em pessoa, e invocou a regra existente que define que «onde há dúvidas deve haver liberdade».

quarta-feira, novembro 29, 2006

Leitura recomendada II

Texto do Pedro Picoito, publicado no Público e no Blogue do não


Talvez

Em todas as campanhas do aborto, e já vamos na terceira, há sempre momentos em que a intolerância dos exaltados vem ao de cima. Do lado do “sim” no próximo referendo, o texto de Madalena Barbosa “A prisão e o aborto” (Público, 22/11/06) é um desses momentos. Não vou perder muito tempo com os impropérios da autora, “especialista em igualdade de género” (novo título, ao que parece, das feministas radicais de antanho). Lembro apenas a insinuação grotesca de que “os movimentos pró-vida têm boas estratégias, importadas talvez dos Estados Unidos, onde usaram o terrorismo para tentar acabar com os direitos das mulheres” através de “centenas de atentados bombistas e assassinatos”. Seria matéria para os tribunais e não para os jornais. Mas os argumentos em defesa da liberalização do aborto merecem resposta, sobretudo por serem tão repetidos.

Comecemos pelo princípio. “O aborto é mau” e quem o faz “renuncia por vezes a uma criança que até desejaria ter, se pudesse”. Mas não pode porque, com filhos, “não arranja emprego, não progride na carreira, vai trabalhar mais por menos remuneração, não tem casas apropriadas, não tem creches, não tem tempo para estudar, não pode fazer os horários extraordinários que agora exigem aos técnicos licenciados”. Sabendo embora que há mais mulheres do que as licenciadas, concordo inteiramente. Vejo tudo isso em minha casa. O que eu não vejo é a mesma energia por parte dos defensores do “sim” para combater os males que tão oportunamente denunciam. Não conheço estudos de “especialistas em igualdade de género” sobre a discriminação das mães no mercado de trabalho. Não recordo nenhuma iniciativa legislativa dos partidos que propõem a liberalização do aborto para diminuir o IVA sobre as fraldas. Não vislumbro a mais leve preocupação do Governo em cobrir o país com uma boa rede de escolas e maternidades. Pelo contrário: só vislumbro a óbvia solicitude em fechá-las, ao mesmo tempo que anuncia ir comparticipar abortos em clínicas privadas. Para estes paladinos dos direitos das mulheres, o aborto é a única solução, o anticonceptivo que nunca falha. Nada mais têm a oferecer-lhes além do “aborto nas primeiras dez semanas, quando a vida humana ainda não o é.”
Compreende-se que quem proclama não haver mais nenhuma solução, mas nada faz para que haja, proclame também que antes das dez semanas não há vida humana. O que há então? Vida piscícola, já que o feto vive dentro de água? E por que súbito milagre, decretado pela Assembleia da República, passa a haver vida humana depois das dez semanas? Estes malabarismos conceptuais mostram bem o que procura o “sim” no referendo: a liberalização do aborto e não a sua despenalização. Leia-se a pergunta que vai a votos. As únicas condições para permitir a prática de aborto até às dez semanas são a “opção da mulher” e a realização da cirurgia “em estabelecimento legalmente autorizado”, público ou particular. O aborto passa a ser totalmente livre e, mais do que isso, um negócio subsidiado pelos nossos impostos.
No intuito de desviar as atenções de coisas tão evidentes, os defensores da liberalização costumam invocar o aborto clandestino, por um lado, e as “marcas psíquicas de uma gravidez forçada”, por outro. Omitem, porém, as marcas - psíquicas e não só - que um aborto, clandestino ou legal, deixa sempre nas mulheres. E omitem que em todos os países que abriram as portas à liberalização o número total de abortos aumentou exponencialmente. Há hoje uma alarmante quantidade de dados empíricos que provam isso.
E isso é o que devemos discutir, não os “talvezes” delirantes de uma “especialista em igualdade de género”. Quando o nível desce da inverdade dos factos à calúnia das pessoas, já não é o aborto, ou a vida, ou os direitos das mulheres que estão em causa, mas a mera possibilidade de convivência democrática. Talvez Madalena Barbosa não queira esse debate. Talvez não queira a liberalização do aborto, mas a do insulto. Talvez queira apenas eliminar a diferença – primeiro a de género, depois a de opinião. Talvez.

Vai uma aposta?

O aborto na Inglaterra começou por ser permitido até às 10 semanas. Já vai nas 24 (sim, são 6 meses!). Agora surge pressões para que deixem de ser necessária a opinião de 2 médicos para o permitir:
O organismo BPAS, que efetuou no ano passado 50 mil abortos na Grã-Bretanha, 85% com a ajuda do Serviço Nacional de Saúde (NHS), pede para que não sejam necessários dois médicos para autorizar um aborto.

Em Portugal tenta-se legalizar o aborto até às 10 semanas. Os médicos já apareceram a pedi-lo até às 12 e o PS tem um projecto para o permitir até às 16.
Portanto soa a cinismo e a hipocrisia que surja alguém a dizer isto: Defender a despenalização da IVG é, para nós, procurar criar as condições de possibilidade para que o número de IVG’s no país diminua.

Vai uma aposta sobre onde é que isto vai parar?

terça-feira, novembro 28, 2006

Ricas e pobres

Dizem os defensores do aborto que as mulheres ricas escapam ao “aborto em vão de escada” porque podem recorrer às clínicas espanholas. Defendem portanto que o aborto seja permitido em Portugal para que as mulheres pobres também tenham acesso às mesmas condições. O objectivo é eliminar os abortos em situações degradantes. Se o não ganhar, pode verificar-se uma destas 3 hipóteses:

O aborto é realizado nos hospitais. Como conciliar isto com a dívida do sector da saúde, as objecções de consciência de muitos médicos, as listas de espera e a obrigatoriedade de cumprir o prazo limite das 10 semanas? Abortar nos hospitais será um suplício para todas as mulheres, ricas ou pobres.

O aborto é realizado em clínicas com financiamento do estado. Coloca-se apenas o problema do financiamento. E como dirá o Governo aos portugueses que durante muito tempo não houve dinheiro algum para os centros de apoio a grávidas desprotegidas e agora já há dinheiro para abortos? Coloca-se ainda a questão do limite das 10 semanas. Há garantias de ser respeitado quando, as ditas clínicas espanholas que querem vir para Portugal, fazem abortos a fetos com 24 semanas em Espanha?

O aborto é realizado em clínicas sem financiamento do estado. Esta será a hipótese mais provável. Volta a colocar-se o problema do cumprimento das 10 semanas. E mais: coloca-se o problema do acesso das mulheres pobres ao aborto em condições, tão defendido pelos abortistas. Qual é a diferença entre abortar em clínicas portuguesas ou nas espanholas? O preço da viagem? E, sabendo nós como funciona este país, ou seja, sem concorrência e com combinação de preços praticados, será que o preço do aborto será mais barato em Portugal do que em Espanha? Acreditam mesmo nisso os defensores do “sim”? Acreditam que as mulheres pobres terão acesso ao aborto em condições dignas?

Sondagens

A esmagadora maioria dos portugueses (72,7%) faz intenções de votar no referendo sobre a despenalização do aborto até às dez semanas, e uma larga maioria vai votar «sim», segundo a sondagem da Marktest deste mês.

A diferença entre os apoiantes do «sim» e do «não» é nesta altura de dois para um (61%-30%). Uma larga vantagem, que, ainda assim, foi reduzida em cinco pontos em relação ao resultado que outra sondagem mostrava há um mês.

Os jovens entre os 18 e os 34 anos são os que mais dizem que vão votar (85,7%) e são eles que mais dizem que vão votar «sim» no referendo (73,7%).

Por oposição, os mais velhos (mais de 55 anos), são aqueles quem menos vontade tem de ir votar e quem mais opta pelo «não» no referendo.

Segundo este estudo, publicado hoje pelo Diário de Notícias, o referendo sobre o aborto do início do próximo ano pode tornar-se o primeiro em Portugal a conseguir levar às urnas mais de metade dos cidadãos eleitores inscritos nos cadernos de recenseamento.

De acordo com a sondagem da Marktest, três em cada quatro dos inquiridos mostram vontade de ir votar no referendo, que o Presidente da República, Cavaco Silva, terá de marcar para uma data entre o início de Janeiro e o final de Maio de 2007.

Responderam não ter intenção de ir votar 21,2% dos inquiridos e apenas 6,1% disseram não saber se vão ou não votar.

A diferença entre uma abstenção acima ou abaixo dos 50% é grande, na medida em que a lei considera que os referendos só são vinculativos se contarem com a participação de mais de metade dos eleitores.

O Presidente da República tem agora mais 12 dias, até 10 de Dezembro, para decidir da convocação da consulta.

A sondagem foi realizada entre os dias 13 e 15 de Dezembro com base em 808 entrevistas. O erro da amostra é de 3,45%.

sábado, novembro 25, 2006

Leitura recomendada II

Dois textos, em dois blogues distintos mas ambos pró-vida:
Faz pena, no Évora pelo não.
O perigo do pacote, no Razões do não.

Tiro no escuro

Imagine o seguinte:
O seu carro avariou numa estrada no meio da floresta. É noite e está escuro. Tem de procurar ajuda e decide fazer um atalho pela floresta. Está sozinha com o seu filho. Tem medo e por isso leva a pistola que o seu marido guarda debaixo do banco. Perde-se do seu filho no meio da floresta. Ao longe ouve lobos a uivar. Grita pelo seu filho. Os uivos parecem cada vez mais próximos. Sente algo a aproximar-se. Tem medo e aponta a arma. Vê sombras, ouve os uivos, sente passos. Podem ser os lobos. Mas também pode ser o seu filho. Na dúvida, dispara?


Agora imagine o seguinte:
Engravidou numa altura em que não se sentia preparada. Pede ajuda mas pouca gente lhe acode. Pensa em fazer um aborto. Há gente que lhe diz que é só um amontoado de células. Mas outros dizem-lhe que é vida, que é o seu filho. Está indecisa. Na dúvida se é um monte de células ou o seu filho, aborta?

sexta-feira, novembro 24, 2006

Revista de imprensa

Saúde gasta 10% do PIB

E se o aborto for financiado vai gastar quanto?

E decidiu bem!

A Fernanda Câncio (musa inspiradora dos defensores do não) volta a tentar semear a discórdia, desta vez com este texto:

««'Tenho seguido com mais ou menos atenção o debate sobre o aborto. Não quero entrar em discussões éticas – onde começa e acaba a vida, etc, etc, etc. – limito-me a acreditar e a defender que a actual situação é insustentável e a lei tem de ser alterada. Certo ou errado? Não sei, é quase tão abstracto para mim como geometria no espaço. Há anos atrás, na faculdade, e para ilustrar que o valor da vida era imensurável, Figueiredo Dias, meu professor de Direito Penal, dava o exemplo do comboio desgovernado e do agulheiro angustiado – mandava o comboio para a linha onde matava uma pessoa ou para a linha onde matava várias? Eticamente não há resposta.

Há onze anos atrás engravidei. Ponderei fazer um aborto. Achei que não conseguia e assumi a gravidez sozinha. Nasceu a Clara. Trissomia 21 diagnosticada à nascença, apesar de ter sido uma gravidez seguida como de risco. Azar? Não. É a Clara. Ponto final parágrafo. Não consigo, como é óbvio, imaginar o mundo sem ela.

Dois anos depois voltei a engravidar. O mesmo pai, a mesma vida sem futuro como família. Fiz amniocentese às doze semanas. Antes do exame tratei de ter dos médicos um compromisso de que me fariam um aborto, sem funfuns nem gaitinhas, se fossem detectadas mal formações no feto. Não era a trissomia que me assustava – era o horror dos dias e noites no hospital, com a minha criança em perigo de vida. Era o vomitar tripas e coração sem saber se daí a minutos ela estaria morta. Tinha sido um processo demasiado doloroso, não aguentava, fisicamente, um segundo.

Fiz a amniocentese e fui apanhada na curva. Pela primeira vez, numa ecografia, consegui ver o feto. Melhor, vi uma mão. Perfeitamente delineada, de dedos abertos. Naquele momento deixou de haver ética, crenças, decisões racionais. Como é que iria ser capaz de fazer um aborto? Uma mão? Gaijinha danada, ainda não tinha nascido e já me trocava as voltas. E se me dissessem que os cromossomas se tinham andado a divertir sozinhos e estavam todos malucos? O que iria fazer com aquela mão ali, a olhar para mim? Abreviando, estava tudo bem e a Xica nasceu. Mas que me fez dançar na corda bamba, isso fez.. Discutir a seco decisões deste tipo? Deixei-me disso desde aí.

Onde quero chegar? Nem eu sei. Talvez a lado nenhum. Talvez a algum lado onde nos deixemos de armar em deuses e aprendamos a ser homens.'

e isto:

'Sabe, vivi 32 anos a brincar com a vida - era eu que dizia aos meus amigos que se tivesse uma criancinha burra a punha à porta de casa - e hoje sou eu quem faz as piadas. Não quero descrever como de um momento para o outro se tem de reaprender a viver mas digo, do fundo do coração - se consigo se pode falar assim - que se nasce uma criança como a Clara em cada 600, ainda bem que ela nasceu na minha casa. Jurei a mim mesma, no momento em que a Clara nasceu, que a vida não ia tirar-me o meu sentido de humor e que nunca por nunca iria passar a ser a "coitadinha tem uma filha deficiente".... Continuo, sobre o aborto, é a dizer o que disse - não sei como decidir, mas exijo isso mesmo - deixem-me decidir. '

Teresa»»

Resta apenas dizer: decidiu muito bem e não se arrependeu! Mostrou coragem, determinação e ousadia. E é feliz! E tem 2 crianças felizes. Os meus parabéns à Teresa (um autêntico exemplo para todos nós).

quinta-feira, novembro 23, 2006

Leitura recomendada

Um excelente texto: Reflexões de Mary Anne d'Avillez no Sou a Favor da Vida.

"O aborto é praticado há séculos – não havia qualquer método de «regulação dos nascimentos» minimamente eficaz. Existia uma grande hipocrisia em relação à mulher e à sexualidade em geral. A mulher era «propriedade» do homem, existia para ter filhos. Se não seguisse padrões de comportamento rígidos era abandonada e caía rapidamente na miséria e na pobreza.

Em 1967, em Inglaterra, num contexto de reformas sociais e de saúde pública, foi aprovada uma lei permitindo o aborto desde que recomendado por dois médicos e praticado para prevenir o risco de vida ou de danos físicos ou de saúde mental para a grávida ou em caso de deficiência grave do feto, até ás 24 semanas.

Só há relativamente pouco tempo se veio a conhecer «o mundo do feto» e ficamos maravilhados quando assistimos a uma ecografia e vimos um bebé milimétrico, mas perfeito ou, mais tarde, a interagir com o que se passa à sua volta no “mundo” exterior ao útero da sua mãe.

Qual é a ligação entre estes pontos? Hoje, a emancipação da mulher e a disponibilidade de informação e acesso a métodos de planeamento familiar levam a uma situação social onde é possível ultrapassar dificuldades sem recorrer ao aborto. Em Inglaterra, na semana passada, foi proposto no Parlamento reduzir o prazo em que o aborto é permitido para as 21 semanas. Não teve votos suficientes mas indica uma mudança de mentalidade. O feto já não é anónimo.

Liberalizar a lei do aborto não é «moderno» nem «progressivo», é andar para trás."

quarta-feira, novembro 22, 2006

Exercício simples

Ora, se você quiser uma opinião sobre o aborto, a quem recorreria? A uma pessoa formada em jornalismo (defensora do sim) ou a uma pessoa formada em bioética (defensora do não)?

Argumentos da pessoa formada em jornalismo:
"uma pessoa põe-se a pensar (quer dizer, uma pessoa que não seja mulher e não esteja grávida, faz favor) e realmente. como é que passa pela cabeça de alguém que uma grávida possa decidir? com justificações que só ela conhece? sem outra motivação que não a da sua decisão? sem um professor doutor em ética que decida, justifique e motive por ela?"

"a não ser, claro, que o facto de estar grávida tenha resultado de sexo forçado. ou que a grávida esteja grávida de um ser completamente humano mas com problemas, tipo um anão ou um mongolóide. aí já a podemos deixar decidir, desde que sejamos sempre nós, os professores doutores, a caucionar a decisão dela. nunca por nunca deixem uma grávida decidir sózinha ou lá com quem a engravidou se ela ou eles os dois querem ou não continuar grávidos e criar uma criança."

Argumentos da pessoa formada em bioética:
"Não há qualquer dúvida que o embrião / feto é um ser humano numa fase do seu desenvolvimento. Falar de amontoado de células, de potencialidades, de projecto, etc. é uma atitude de ignorância, de lançar fumo e de esconder a realidade e, algumas vezes, traduz desonestidade intelectual."

"O processo de desenvolvimento é contínuo, sem cesuras nem barreiras que permitam individualizar fases na vida intra-uterina; até a clássica destrinça entre embrião e feto (8 semanas) é artificial."

A casa do caminho

Se os nossos amigos pró-abortistas se dizem contra o aborto, esqueçam a sua liberalização e optem por apoiar associações que tratam de crianças em situação de risco, como esta: Casa do Caminho.

A Associação A Casa do Caminho é uma instituição particular de solidariedade social que funciona 24 horas por dia durante todo o ano, para acolher CRIANÇAS em perigo, vítimas de
maus tratos, negligência ou quaisquer outras formas de violação do seu desenvolvimento ou dos seus direitos.

Podem ver aqui como ajudar. Podem ver aqui quais os artigos que eles mais necessitam. E podem imaginar aqui os sorrisos das crianças que vivem nesta associação que lhes dá toda a atenção, carinho e amor que elas necessitam.
Afinal há alternativas ao aborto. Só é pena que nem todos vejam isso.

terça-feira, novembro 21, 2006

Intolerância

Sim, nós confessamos, os defensores do “não” são intolerantes porque:

1. não toleramos que o Estado não introduza a educação sexual nas nossas escolas
2. não toleramos que se gaste dinheiro a financiar abortos
3. não toleramos que não se gaste dinheiro a apoiar associações de ajuda a mães solteiras ou a mães adolescentes
4. não toleramos que o planeamento familiar não funcione correctamente
5. não toleramos que se possa abortar apenas para escolher o sexo da criança
6. não toleramos que o recurso ao aborto se massifique
7. não toleramos que o aborto seja usado como método contraceptivo

E não toleramos muitas mais coisas, por muito que isso não agrade aos adeptos da solução mais fácil.

Estranho mundo este!

Estranho mundo este em que, para certas pessoas, os direitos sexuais se sobrepõem ao direito à vida.

Aborto e feminismo (III)

É com algum espanto que constato que certos movimentos feministas mais radicais tendem a "masculinizar a mulher".
Na tentativa de obter os mesmos direitos que os homens caem na tentação de ser iguais a eles esquecendo-se das suas diferenças e características intrínsecas. Acho salutar e necessária a luta pela igualdade de direitos. Mas usar o aborto como meio para atingir esses direitos é desumano e nada digno para as mulheres. É cruel recorrer-se ao aborto apenas porque se quer conseguir a tal promoção na empresa e por isso não há lugar para a gravidez não planeada. As mulheres precisam de chegar aos lugares de topo, é um facto, não abortando mas sim obtendo todas as ajudas necessárias à concretização dessa gravidez e à conciliação da vida como mãe com a vida profissional.
Os movimentos feministas têm de se convencer que a mulher não terá os mesmos direitos do homem se for igual a ele mas sim se assumir as suas diferenças e exigir que elas sejam respeitadas. A capacidade de gerar vida é uma dessas diferenças.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Coração e Compaixão por quem?

A Fernanda Câncio acusa-me de não ter coração e compaixão. O AAA já lhe respondeu muito bem. Mas não poderia deixar de dar a minha resposta. Ora, segundo ela (já sei com o que conto, se me der para o truca-truca sem cuidados ou se a pílula ou outra coisa qualquer não funcionar. nem coração nem compaixão), eu deveria ter compaixão por:
1. alguém que lhe deu para o truca-truca sem cuidados
2. alguém que se negou a tomar a pílula ou a usar um DIU
3. alguém que se negou a exigir o uso de preservativo
4. alguém que se negou a usar um diafragma
5. alguém que se negou a tomar a pílula do dia seguinte mesmo quando não usou preservativo ou ele rompeu
6. alguém que teve um "acidente" com qualquer método contraceptivo mesmo que a eficácia de muitos ronde os 99%
7. alguém que quer abortar porque não tem dinheiro mesmo quando existem associações que as ajudam ou quando podem dar os filhos em adopção
8. alguém que quer abortar porque deu umas facadinhas no casamento
9. alguém que quer abortar porque só tem 14 anos (e os métodos contraceptivos servem para quê?)
10. alguém que quer abortar porque simplesmente lhe apetece

Ora, Fernanda, perdoe-me por não ser tão fútil como você, mas não consigo ter princípios semelhantes aos seus por muito que tente. Acima de tudo, tenho compaixão e coração por quem está mais desprotegido nesta história toda: a criança que está por nascer.

Eles não entendem!

Os fanáticos do outro lado continuam surpreendidos por não encontrarem fanáticos deste lado. Na sua missão obstinada pelo "direito à liberdade" (da mulher claro, não do embrião porque eles só acreditam em coisas que podem ver) tentam agora acusar os defensores da vida de "talibanização" do país caso o "não" vença pela segunda vez.
(Oh sim, já estou mesmo a ver a Dr.ª Maria José Nogueira Pinto a obrigar a Dr.ª Edite Estrela a andar de burka. Mas chega de visões paradisíacas!)
Os golpes baixos que certos sectores do sim tentam infringir, tentando colar os defensores da vida a uma visão radical das religiões serve, como é óbvio, para amedrontar os moderados indecisos ou para cativar aqueles que concordam com tudo desde que seja contra a Igreja. Convido os defensores do aborto a "passearem" pelos vários blogues pró-vida e procurarem posts tão radicais como os deles.
O epíteto de "minoria fanática" atribuído aos defensores da vida está gradualmente a mudar de alvo.

Aborto e esclavagismo

Os abortistas semelham os esclavagistas: em 1857 a Corte Suprema dos USA decretou por uma maioria de 7 contra 2 que os escravos legalmente não eram pessoas e, portanto, estavam privados de protecção Constitucional. Em 1973 a Corte Suprema com igual maioria (7-2) decidiu o mesmo em relação aos bebés, não nascidos. (Cf Alcorn)

Para as mulheres defensoras do "sim"

Abortar aumenta o risco de cancro da mama. Mais pormenores aqui. Quem não tiver algumas noções de biologia poderá ter alguma dificuldade em interpretar o artigo mas penso que este excerto é bem claro:

"São as células indiferenciadas que são também vulneráveis aos efeitos dos carcinogéneos (como a radiação, os produtos químicos, etc.) as que podem produzir tumores cancerígenos um dia mais tarde. Portanto, se uma mulher já passou por algumas semanas de uma gravidez normal e logo aborta essa gravidez, retém mais dessas células vulneráveis ao cancro do que as que tinha antes de ficar grávida. Além disso, qualquer célula anormal, com a potencialidade de formar o cancro, já existente no seu peito (e tais células estão presentes em alguma medida em todas as pessoas) foi estimulada a multiplicar-se. Tudo isto significa uma maior probabilidade estatística do que o aparecimento eventual de um tumor cancerígeno.
Diferentemente, uma gravidez levada a termo produz a plena diferenciação dos tecidos da mama com o fim da produção de leite, o que deixa na mesma menos células vulneráveis ao cancro das que lá estavam antes do começo da gravidez. Isto significa a bem conhecida redução do risco de cancro da mama como consequência de uma gravidez levada a termo."

domingo, novembro 19, 2006

Fanatismos

Desculpem-me se insisto no assunto, mas o fanatismo da Fernanda está muito bem explicado aqui.

Luta desigual

Está muito animada a disputa entre a Mafalda e a Fernanda. Por enquanto a Mafalda vence por goleada.

Um pedido

Pede-se encarecidamente à Fernanda Câncio que continue a falar sobre o aborto. Eis o seu último testemunho:
E justificam-se umas e as outras não porquê? Porque um embrião fruto de violação não tem direito à vida como outro qualquer? Porque um feto malformado não é humano nem merece viver? Porque não é exigível que as mulheres que querem abortá-los os amem e os criem?

Nota 1: tomei a liberdade de colocar as maiusculas que faltavam (a Fernanda que me perdoe)
Nota 2: tomei a liberdade de colocar um link para o artigo (a Fernanda que me perdoe)
Nota 3: aguardamos ansiosamente que a Fernanda dispare mais misseis patriot contra os seus próprios pés.

sábado, novembro 18, 2006

Eles andam aí...

Já cá estão há 3 dias mas só hoje os encontrei: pelo sim.

Direito de resposta

A Fernanda Câncio responde à avalanche de posts sobre a entrevista por ela publicada no Glória fácil.

Salta à vista uma coisa óbvia: a Fernanda olha para todos os defensores da vida como se todos fossemos a tal “minoria de fanáticos”. É incapaz de compreender que possamos abrir excepções às nossas convicções. É incapaz de se aperceber que, afinal, os tais “fanáticos” possam aceitar que se aborte em caso de violação, de risco para a mulher ou de deficiência do feto. Sim, porque todos nós consideramos que vida é vida mesmo que ela seja resultado de uma violação. Mas temos coração, temos compaixão. Somos incapazes de impor um sofrimento desse género a uma mulher violada. Somos incapazes de impor uma gravidez de risco a uma mulher. E sabe que mais: não vamos colocar bombas nas clínicas de abortos se o “sim” ganhar. Nem vamos exigir outro referendo 8 anos depois para ver se dessa vez ganhamos nós. Vamos simplesmente aceitar a decisão da maioria.

E já que a Fernanda “doa argumentos de bandeja” ao outro lado, permita-me também fazer o mesmo: já referi neste blogue que considero fútil e cruel fazer abortos por motivos económicos. No entanto, se fosse necessário chegar a um acordo com os defensores do “sim” estaria disposto a aceitar essa excepção. E sabe porquê? Porque acima de tudo não gostaria que o aborto de massificasse e realizasse por razões totalmente absurdas. Aceitaria o aborto por questões económicas. Nunca o aceitaria por descuidos ou falta de consciência sexual. Porque, até que engravida, a mulher pode (1) tomar a pílula ou aplicar um DIU, (2) exigir o uso de preservativo ou usar um diafragma ou (3) tomar a pílula do dia seguinte. Desculpe, Fernanda, mas são muitas hipóteses para ter consciência. E sim, lamento, mas estou a acusar as mulheres que abortam e os seus homens de leviandade e falta de prudência.

E concordo consigo: não estamos aqui a escolher entre o bem e o mal. Mas estamos aqui a lutar por princípios. O vosso lado rende-se à luta e diz “já que isto vai acontecer sempre, será melhor dar-lhes boas condições para o fazerem”. O nosso lado vai à luta e diz “vamos apoiar as mulheres para que possam ter os seus filhos, vamos responsabilizar os homens para que estes prestem apoio às suas mulheres, vamos apostar na educação sexual e na informação, vamos apostar na consciencialização da sexualidade, vamos construir centros de apoio a mães adolescentes, vamos agilizar os processos de adopção”.

No fundo, são duas visões diferentes para resolver o mesmo problema.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Do outro lado

Enquanto não surgem blogues pró-aborto, vão surgindo pela blogosfera alguns "abortos" a comentar nos blogues pró-vida. Infelizmente, nas caixas de comentários desses blogues aparecem cada vez mais frequentemente obras primas como esta:

Anónimo disse...
Estes gajos têm uma fixação doentia por imagens de fetos abortados.
Exibem-nas, ao que parece, com um certo orgulho perverso. Ou um certo prazer perverso...
Fixação?
Fetiche?
Estímulo sexual? Excitam-se ao ver os fetos abortados?
Enfim, esta gente tem sérios problemas do foro psiquiátrico pr resolver.
Mas, meus caros, nem tudo está perdido. Uma boa terapia (ou uma boa foda) pode resolver o vosso problema de disfuncionalidade/perversidade sexual.
Já ouviram falar em casas de meninas (ou meninos, consoante a vossa orientação...)?
Calculo que seja penoso insistir na pecaminosa masturbação (mental, claro está, no vosso caso, porque um espermatozóide assassinado é uma vida perdida, não é?).
Pratiquem sexo, caros nacionaleiros, qu'isso passa.
Já cantava o grande Variações: "eu sei que é nocivo, a isto e àquilo, mas esquece isso belo bem que faça. Toma o comprimido qu'isso passa"
O vosso problema é falta de um bom orgasmo libertador. O vosso comprimido: uma bela foda ou, à falta de dinheiro, casa de meninas ou engenho, uma bela punheta.

Ora, uma análise cuidada ao texto permite concluir que:
1. Falta cultura e inteligência a alguns sectores dos pró-aborto
2. Falta-lhes também argumentos sólidos e consistentes
3. Falta-lhes educação
4. Julgam que o simples facto de votarem "sim" lhes confere inteligência e modernidade
5. Adoram sexo sem compromissos (que se lixe a SIDA, a sífilis, a gonorreia, a herpes vaginal e o perigo de engravidar porque na farmácia há solução para tudo!!)
6. Frequentam "casas de meninas"
7. Julgam que os defensores da vida não têm vida sexual (sim, coitadinhos de nós, até já me esqueci como é que isso se faz...)
8. Julgam que os defensores da vida não se masturbam por medo a matar os espermatozóides (fique sossegado, meu amigo, porque eu guardo os meus no frigorífico para quando chegar a altura certa!)
9. Adoram as músicas do António Variações (bem, isso explicaria muita coisa, mas até eu gosto das músicas dele, será mau sinal?)

Feita a análise, resta-me dizer apenas que os defensores da vida continuam à espera de pessoas a sério para dialogar. Eu sei que há muitas desse lado e que a pequena amostra que tem aparecido nos blogues não vos representa. Vá lá, apareçam!

Aborto e feminismo (II)

«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»

O Tribunal Constitucional (TC) aprovou por margem tangencial (sete votos contra seis) a pergunta sobre o referendo ao aborto. Se a tivesse chumbado, não haveria grandes motivos para espanto. A Assembleia da República costuma ser muito pouco feliz na elaboração de perguntas a submeter a referendos - de tal modo que já viu chumbada pelo TC uma questão sobre o abortado referendo ao Tratado Constitucional europeu.
A que acaba de receber luz verde do Palácio Ratton merece-me duas objecções. Uma de forma, outra de fundo.
- Parece-me óbvia a existência de uma redundância quando se pergunta se o aborto deverá ser legalizado «por opção da mulher». Esta ideia já está contida na expressão - de valor jurídico - interrupção voluntária da gravidez. Se a gestação é voluntariamente interrompida, só pode acontecer por opção da mulher. Ou será que não?
- E a minha objecção de fundo centra-se precisamente nisto: em momento algum o progenitor do embrião é convocado na formulação redigida pelos nossos ilustres 230 deputados. Entenderam os conselheiros do TC, por um voto de diferença (e a meu ver mal), que tal formulação não viola o preceito constitucional do direito à igualdade. Ainda me hão-de explicar porquê, a ver se me convencem. Mas expliquem devagarinho, como se eu fosse muito burro.
Do que ninguém me convencerá é que esta pergunta, nos termos exactos em que foi elaborada, pressupõe a abolição do conceito de paternidade responsável. Nenhuma outra conclusão me parece admissível perante a exclusão da figura do pai de todo este processo. Com "incentivos" destes, não venham depois queixar-se de que as famílias andam cada vez mais desestruturadas, está bem?

Pedro Correia. no Corta-fitas.

Questões pertinentes (III)

Se certos activistas lutam contra a caça indiscriminada e ao mesmo tempo defendem o aborto, significa que eles são mais importância às vidas das perdizes e dos coelhos bravos do que à vida humana?

Questões pertinentes (II)

Se existe uma lei que protege os ovos das aves em vias de extinção e o governo quer implementar uma lei que permite a destruição de embriões humanos significa que as pessoas são menos importantes do que as águias?

Questões pertinentes (I)

Se o BE faz campanha a favor da preservação dos jardins de Lisboa quererá isso dizer que a preservação da vida humana não é tão importante como a preservação da vida vegetal?

quinta-feira, novembro 16, 2006

O que é a saúde psíquica?

O PS, sorrateiramente, prepara-se para liberalizar o aborto até às 16 semanas. Como? Assim:

Além de permitir a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) nas primeiras dez semanas, tendo como única condição a consulta prévia de um Centro de Acolhimento Familiar, o diploma do PS alarga o prazo para a realização do aborto das 12 para as 16 semanas em caso de perigo para a saúde física ou psíquica da mulher.

Também até às 16 semanas de gravidez, o projecto prevê que deixe de ser punível o aborto que ponha em perigo a saúde física ou psíquica da mulher «por razões de natureza económica ou social», que actualmente não são referidas na legislação.

Urge questionar: que perigos para a saúde psíquica da mulher poderão ser estes? É fácil entender que isto poderá dar azo a desculpas ou razões fúteis para realizar um aborto a um feto com 16 semanas. Alguém duvida que haverão muitas mulheres a aproveitar este pormenor para fazer abortos invocando a sua saúde psíquica?

Se o casamento acabar às 15 semanas de gravidez pode-se invocar saúde psíquica?

Se os pais da grávida descobrirem a sua gravidez às 14 semanas e se zangarem com ela pode-se invocar saúde psíquica?

Se a grávida mudar de ideias já depois das 10 semanas e tiver uma amiga médica que lhe passe um atestado que certifique que tem depressão, pode-se invocar saúde psíquica?

Se as taxas de juro aumentarem na 12ª semana de gravidez e a prestação da casa ficar mais pesada, pode-se invocar dificuldades económicas?


E em que ficamos: o feto é vida a partir das 10 semanas ou das 16 semanas? Se colocamos o limite geral nas 10 semanas por assumirmos que aqui começa a vida, não será demasiado cruel e fútil permitir a destruição essa vida por motivos económicos até às 16 semanas?

Venham mais cinco...

Mais um blogue a favor da vida:
Aqui há esperança!

Aborto e feminismo (I)

A Joana Amaral Dias publica no 5 dias um texto em defesa do feminismo na questão do aborto. O seus alvos são a Igreja e os homens defensores do "não". Presumo, pelas suas palavras, que pensa que estas duas "entidades" nem sequer se deveriam manifestar sobre o aborto.
Desafio a Joana ou qualquer um dos defensores do "sim" a procurar argumentos religiosos nos blogues defensores do "não". Desafio-a também a verificar que afinal existem muitas mulheres defensoras da vida nesses mesmo blogues.

Questões alternativas (V)

"Concorda com o abate de um filho seu, se realizado, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Fernanda Câncio defende o "não"

A Fernanda Câncio, incapaz de argumentar algo de novo sobre o aborto, vai ao baú das recordações buscar entrevistas de 1998. Podemos ler pérolas como:

NM - Que tipo de pessoas, que estrato sócio-económico, é que lhe aparecem?
Sra X - São pessoas da classe média alta, e bastante alta. Muitas jovens, miúdas com catorze, quinze , dezasseis...
NM - Nunca lhe apareceu aqui gente mais humilde?
Sra X - Raramente. Às vezes aparece aqui uma filha de uma empregada, ou uma empregada trazida pela patroa. Especialmente quando são miúdas negras... Não sei porquê.

E depois porque acho que até às oito semanas uma pessoa tem tempo suficiente para se decidir. E depois penso que me faria um bocado de impressão moral fazer uma coisa já maior. Porque assim é uma bolsa embrionária, são células embrionárias, aquilo sai tudo fragmentado, é como se fosse gelatina. Faz de conta que é um pudim de gelatina, que a gente aspira e pronto.... não faz impressão nenhuma.

Quanto às circunstâncias, penso que muitas vezes são inconsequências. As pessoas nunca pensam que aquilo lhes vai acontecer. E acontecem às vezes com brincadeiras. Olhe que eu já encontrei uma miúda grávida que estava virgem. (...) Tive de fazer tudo com o maior dos cuidados para não desvirginar a moça. E ficou intacta, felizmente. Coitada da miúda.

Os prós, só elas sabem, a razão que as leva lá. Os contras, em princípio o único contra é faltar a electricidade enquanto se está a fazer... E aí ou se acaba manualmente ou se espera. Mas é muito chato. Não que doa, mas é menos fácil.

E eu sei o que isso é, porque eu também já tive as minhas interrupções. Está a ver, eu separei-me do meu marido muito nova. E nessa altura não havia nada... Há trinta anos não havia pílula, não havia dispositivo intra-uterino... E as pessoas que faziam as interrupções eram muito agressivas, não tinham uma conversa, era tudo toca a marchar.

NM - E há muitas mulheres que fazem várias interrupções?
Sra X - Muitas. (...) Já houve pessoas que vêm aqui num mês e no mês seguinte ficam grávidas.

E sei de outro caso, com um diagnóstico de hidrocefalia no feto, a senhora tinha decidido abortar — quem é quer um filho hidrocéfalo? Só uma masoquista, por amor de Deus.

Sra X - Eu sinceramente não entendo. Então se isso é um atentado à vida, então os indivíduos que são condenados à morte? Aí a igreja não faz nada...

Como é que se escolhe? Não sei, não sei. Há coisas a que é impossível responder. Têm de ser as pessoas a decidir. A vida é delas.

Porque Deus não quer que as pessoas tenham filhos para isso, para sofrer. Deus quer é que as pessoas não sofram.


Ora aqui está um bom exemplo daquilo que deve ser um artigo a defender o "não" no próximo referendo. Ou seja, um "pé na poça" enorme de Fernanda Câncio. A continuar a saga iniciada por Francisco Loucã e Lídia Jorge.
Só me resta uma questão: será que a Fernanda Câncio leu o artigo antes de o postar?

quarta-feira, novembro 15, 2006

Questões alternativas (IV)

“Concorda que o Estado deixe de comparticipar certos medicamentos para que o SNS possa suportar os custos com os abortos a realizar nos hospitais?”

Rumo à civilização

Segundo Lídia Jorge, "o aborto é uma questão de civilização". Aqui estão alguns dos países-modelo dessa civilização defendida por Lídia Jorge:

Questões alternativas (III)

“Concorda que o Estado gaste dinheiro dos seus impostos a remediar os erros de quem não soube planear uma vida sexual consciente?”


terça-feira, novembro 14, 2006

Gráficos

Como parece que certos abortistas só compreendem as coisas com "bonequinhos" dei-me ao trabalho de elaborar alguns gráficos sobre a evolução do aborto nalguns países.

Começamos com os da Espanha e do Reino Unido. São dois claros exemplos que evidenciam que o aborto é usado como método contraceptivo. Estes estados alheiam-se por completo das políticas de apoio à vida e à família. O resultado é visível. Trata-se também de dois países com um alto crescimento económico, o que leva a crer que o aborto por dificuldades financeiras será baixo.

O gráfico seguinte é o da França, que legalizou o aborto em 1975. Nele podemos constatar uma evolução que prova que as políticas indicadas pelos defensores da vida são correctas. A partir do final dos anos 80 a evolução da percentagem do aborto mantém-se constante. Porquê? Porque o estado francês, apercebendo-se da baixa natalidade, fez isto, ou seja, apoiou fortemente as famílias e as mulheres grávidas. Esse apoio estancou o recurso ao aborto. Para quando essas medidas em Portugal? Se todos nós somos contra o aborto (como dizem os do "sim") porque não exigir estas medidas?

Termino com um caso que me intrigou e lanço aqui um desafio para tentar perceber o que se passou com o aborto na Áustria. Depois de um período de percentagem alta há uma descida brusca até rondar os 3%. A que se deve? Parece ser demasiado brusca para se considerar uma mudança de mentalidades. Terá o governo recuado e restringido as justificações para abortar? Sinceramente, não sei. Prometo investigar e voltar ao assunto em breve.


De qualquer das formas, servem os gráficos para provar que o aborto irá mesmo aumentar com a sua legalização e pode até atingir proporções inimagináveis. De referir que em todos os países onde o aborto foi legalizado continua a existir o aborto ilegal e em certos casos (Espanha incluída) pratica-se abortos a fetos com 6 meses. Dá que pensar...

domingo, novembro 12, 2006

As tácticas do "Sim"

Os companheiros do Sou a favor da Vida postaram um texto brilhante sobre as tácticas dos abortistas para convencer a opinião pública a votar no "sim" no próximo referendo. Vale a pena ler com atenção a história do Dr. Bernard Nathanson, um dos impulsionadores do aborto nos EUA.

Em cinco anos, convenceram os média (e ganharam o seu apoio) que o aborto era "liberal", que o número de mulheres que abortavam por ano era de 1.000.000 (100.000 na realidade) e que morriam 10.000 delas (250 na realidade).

Serviram-se do desejo que os católicos tinham de mudanças na Igreja e atacaram violentamente a religião Cristã por ser favorável à vida, ganhando o apoio de milhões de fiéis.

Convenceram a opinião pública que era impossível determinar com exactidão quando começa a vida quando, na realidade, os cientistas concordam que ela começa no momento da fecundação ou, quanto muito, por volta do 8º dia (quando acaba a segmentação e começa a gastrulação do embrião).

A ler com muita atenção aqui.

Mas isto não é uma democracia?

A Dr.ª Helena Roseta revelou a sua face mais escondida e afirmou que, em caso de vitória do "Não" mas com menos de 50% de participação eleitoral, o governo deveria ir em frente com a permissão do aborto. Ora, não sabemos se a Dr.ª Helena sabe, mas o que disse é anticonstitucional. Já estamos habituados aos "pés na poça" da Dr.ª Helena desde os tempos do último referendo mas daí até permitir-lhe que brinque com as nossas leis vai um grande passo. Valeu o Ministro António Costa para remediar a situação.

As declarações da Dr.ª Helena fizeram-me recordar dois países onde coexistem aquilo que a senhora defende: o aborto em larga escala e a falta de respeito pela vontade dos cidadãos: a Rússia e a Bielorrusia, onde a taxa de abortos é superior a 50% e onde escasseia a democracia.

O que o país precisa



No Évora pelo Não.

A liberdade do "eu" e a vida do "outro"

"Desta maneira, afirmar o aborto como um “direito“ decorrente de uma liberdade absolutizada significa sustentar que um direito humano (liberdade) pode implicar na subtração ou relativização de outro (vida) ao mero arbítrio de quem detenha o primeiro. É contrapor o “eu” ao “outro” (portanto, radicalmente anti-solidário). Em última instância, é manifestação de cepticismo na realização conjunta dos direitos humanos e de pessimismo diante do futuro e da possibilidade de que se possa de fato construir uma sociedade livre, justa e solidária para todos, e não só para os autónomos ou viáveis. Mais: é sinal de intolerância diante do outro, do inocente, do indefeso.

Opor a liberdade do “eu” à vida do “outro”, ainda que no afã de privilegiar a primeira, cria uma ruptura em todo o sistema de direitos humanos a ponto de comprometer a mesma liberdade. É fácil perceber que o “discurso da liberdade” esquece a liberdade do nascituro."

Excerto de um texto escrito pelos nossos amigos Família de Nazaré. Um blogue brasileiro que merece a nossa atenção nestes dias pré-referendo.

sábado, novembro 11, 2006

Questões alternativas (II)

“Concorda que sejam adiadas intervenções cirúrgicas para que os médicos possam realizar abortos?”

Questões alternativas (I)

"Concorda que o Estado autorize e pague dos seus impostos às clínicas espanholas abortadeiras, todos os abortos nas suas filiais em Portugal? "

sexta-feira, novembro 10, 2006

Mais um...

Sejam bem-vindo. Recomenda-se umas visitas ao:
Évora pelo não

Eu sei o que é melhor para ti

Dos mil e um argumentos sem sentido dos nossos pró-abortistas salta à vista o típico “será melhor que certas crianças não nasçam porque só viriam ao mundo para sofrer”. Por isso é urgente permitir o aborto por livre vontade da mulher, dizem.

Sejamos sinceros, decidir que uma criança não tem direito à vida não é um acto de amor para com essa criança. É egoísmo puro. Ninguém tem o direito de decidir o que é melhor para os outros. Não será certamente por nascer pobre ou num meio sem amor e carinho que a criança não poderá ser feliz e sentir-se realizada na sua plenitude.

Não deixa de ser perceptível uma sensação de hedonismo e individualismo neste argumento. Tudo vale para viver uma vida de prazer absoluto, nem que seja necessário abortar para emendar os erros de uma vida sexual inconsciente e virada para o imediato. Nesta sociedade defendida pelos pró-abortistas não há lugar para o sacrifício pelo próximo, para o assumir das consequências dos nossos erros, para a vida sexual planeada e consciente.

Os dois pratos da balança

O alerta-me (e a todos os defensores do não) para o facto de defendermos o não contrariando a lei que actualmente está em vigor.

Não deixa de ter razão. Os nossos argumentos denotam a nossa posição sobre o carácter inviolável da vida. No entanto, certas situações impõem uma posição diferente. Apesar das minhas convicções, seria incapaz de encorajar a gravidez em caso de violação (sabia que no Chile nem nestes casos se pode abortar?) e risco de vida para a mulher. Quanto ao aborto devido a deficiência, a minha opinião varia. Como já referi, uma criança pode ser feliz e viver condignamente mesmo em situações de falta de dinheiro, de carinho ou até quando apresenta algum tipo de deficiência. As crianças com trissomia XXI, por exemplo, apesar de terem muitos problemas de saúde, são também muito felizes e uma verdadeira alegria para a família que os acolhe. Já no caso de outras deficiências, a situação pode ser de tal forma grave que agonizaria a vida da criança e da sua família e aqui deve considerar-se a realização de um aborto.

No fundo, trata-se de medir o peso dos dois pratos da balança. Os defensores da vida utilizam argumentos que defendem a vida em qualquer situação mas penso que todos nós concordamos com as excepções consagradas na lei actual. O que nunca sucederia, no meu caso, é dar mais importância ao prato onde estão as razões do “foi um descuido e não usei preservativo”, “não tenho dinheiro para educar condignamente o meu filho”, “não tenho condições psicológicas”, ou “tenho medo da reacção dos meus pais quando descobrirem”. Para mim, exceptuando as excepções consagradas na lei, pesa sempre mais o prato onde está o direito de um ser humano à vida.

Diálogos sem sentido

Versão I

Maria: “Manuel, estou grávida!”

Manuel: “Mas, mas, mas… Maria! Não estava à espera disso. Não será melhor fazeres um aborto?”

Maria: “Ainda não decidi.”

Manuel: “Eu até gostava da ideia de ser pai mas…”

Maria: “Não tens nada que dar a tua opinião. Enquanto estiver dentro do meu ventre é meu e eu é que decido.”

Versão II

Maria: “Manuel, estou grávida!”

Manuel: “Mas, mas, mas… Maria! Não estava à espera disso. Não será melhor fazeres um aborto?”

Maria: “Ainda não decidi.”

Manuel: “Ok, tu é que decides.”

Maria: “Claro que sou a decidir. Enquanto estiver dentro do meu ventre é meu. Mas quando ele nascer vais ter que contribuir financeiramente porque fora do meu ventre já é dos dois.”

Uma questão de dignidade

A questão da dignidade da mulher que aborta tem muito que se lhe diga.
Segundo um pró-abortista, permitir o aborto em estabelecimentos adequados e com todas as garantias de segurança traria dignidade às mulheres que todos os anos abortam nos "vãos de escada".
Na realidade, uma mulher teria muito mais dignidade se lhe dessem todas as condições físicas e emocionais para poder ter o seu filho.
Abortar em clínicas não lhe dará mais dignidade do que abortar em
"vãos de escada".

quarta-feira, novembro 08, 2006

O negócio!

««Cá está ele, em todo o seu esplendor: o negócio das clínicas privadas em Espanha. Mais evidente, só mesmo se as ditas clínicas desvendarem as suas contas.

(para os nossos leitores, suponho não ser necessário relembrar a lei vigente em Espanha, nem traduzir para português).
“There are no public clinics that offer family planning and abortion services; as a result, most abortions in Spain are performed in private clinics. In 1988, an estimated 94 per cent of all abortions were carried out in private clinics. Approximately 85 per cent of the abortions performed in private clinics are performed on the grounds of averting severe danger to the woman’s physical or mental health (especially mental health), which may conceal reasons prohibited by law. The relatively large proportion of hospitals where only a few abortion procedures are performed reflects a general tendency in those institutions to perform abortions only on medical indications. The abortion rate in 1996 was estimated to be 5.7 abortions per 1,000 women aged 15-44.”
Fonte: Organização das Nações Unidas

É este o negócio que nos pedem que financiemos em Portugal.
A todos sem excepção.»»

Joana Lopes Moreira no Blogue do não.

Ser hipócrita é... (II)

Defender que o aborto deve ser permitido porque as mulheres ricas já o fazem em Espanha mas saber, lá no fundo, que fazê-lo em Portugal só será viável em clínicas privadas e portanto as mulheres pobres continuarão a ter problemas em aceder ao aborto a um baixo preço.

terça-feira, novembro 07, 2006

A propriedade do feto (I)

Um dos grandes mitos sobre a questão do aborto é o argumento “o corpo é meu e eu faço dele o que eu quero”. O embrião é tratado como se de um tumor se tratasse. Ou como uma unha encravada que tem que ser tratada, uns cabelos brancos que têm que ser disfarçados. Trata-se, sobretudo, de uma visão egoísta da feminilidade.

Primeiro, porque o embrião não é parte integrante do corpo da mulher mas sim algo que está dentro do corpo da mulher, e isso faz toda a diferença. Ele respira, tem circulação sanguínea própria, tem ADN diferente do da mãe… Urge, portanto, proteger o bem-estar do embrião quando a sua sobrevivência é posta em causa.

Em segundo lugar, ter filhos é precisamente o maior trunfo das mulheres. É o facto de terem filhos que as torna magnânimes e as coloca acima dos homens. Como é óbvio, a mulher não deverá viver unicamente para procriar, mas negar-se a si própria esse dom e ainda por cima fazê-lo em nome de um suposto feminismo é um contra-senso e um retrocesso na batalha pelos seus direitos.

Ser feminista e defender o aborto é, simplesmente, contraditório, é contra natura, é ridículo. *


*- Dedicado à Dra. Odete Santos e ao seu artigo no Público de Sábado (sem link)

Métodos contraceptivos - preservativo


Preservativo

De fácil aquisição, é o método ideal para relações ocasionais ou imprevistas. Não é aconselhável lubrificá-lo com vaselina ou óleos, nem expô-lo ao calor (tablier do carro, carteira, bolsos das calças...) Se for necessária lubrificação extra, deve-se usar produtos específicos, à base de água, que podem ser facilmente encontrados em supermercados e farmácia. Ao ser aberto deve-se ter cuidado com as unhas e os anéis. Nunca abrir a embalagem com os dentes.
Existe também o preservativo feminino, que se coloca desde a abertura da vagina até ao colo do útero. O seu uso não é comum em Portugal.
Eficácia: 97%

domingo, novembro 05, 2006

Aviso à navegação

O autor deste blogue não é adepto do politicamente correcto.

Métodos contraceptivos - pílula


1. Pílula combinada (estrogénios e progesterona)

Mecanismo de acção: faz com que os níveis de estrogénios e progesterona sejam sempre constantes no corpo da mulher provocando um mecanismo de retroacção negativa que inibe o pico de LH e FSH responsável pela ovulação.
Eficácia: 99%


2. Pílula de progesterona

Mecanismo de acção: torna o muco cervical espesso impedindo a passagem dos espermatozóides até aos oviductos, onde se encontram os oócitos II.
Eficácia: 98%


Existem ainda, além das embalagens com pílulas orais (com ou sem paragem de alguns dias), preparações para implantação subcutânea com libertação automática.

A pílula é grátis nos centros de planeamento familiar em Portugal.

Passo a passo até ao aborto

20 anos: “Humm, tenho uma vida sexual activa. Se calhar era melhor tomar a pílula... Que se dane, em caso de necessidade uso um preservativo!”

Início da relação sexual: “Talvez fosse melhor dizer-lhe para colocar um preservativo. Mas não me apetece estragar o momento… Quando estiver a chegar o momento peço-lhe para não ejacular dentro de mim.”

Fim da relação sexual: “Raios, não tiver tempo de lhe dizer. Não faz mal. Amanhã vou tomar a pílula do dia seguinte.”

Dia seguinte: “Ainda não tive oportunidade de comprar a pílula do dia seguinte. Amanhã vou sem falta.”

2 dias depois da relação: “Hoje não me apetece. Vou amanhã à farmácia.”

3 dias depois da relação: “Bolas, é o último dia mas falta-me coragem para ir à farmácia comprar a pílula. Que pensará de mim o farmacêutico? Com um pouco de sorte não engravido.”

5 semanas depois da relação: “Raios, o período ainda não veio. Vou ter que fazer um aborto.”

Liberdade vs Vida

Porque razão é o tema do aborto tão controverso? Porque ele coloca em dois lados opostos os dois princípios pelos quais a Humanidade mais lutou ao longo da sua história: a liberdade e o respeito pela vida.

A questão é: a qual dos dois princípios cada um de nós atribui uma maior importância?

Esta questão, quando focada segundo o tema da eutanásia, tem resposta fácil: o potencial suicida detém o poder de decidir se, para ele, é mais importante a sua vida ou a liberdade de acabar com ela.

Quando focada segundo o tema do aborto, deixa de ser tão fácil: é a liberdade da mulher em abortar contra o direito à vida do seu filho. E como “a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros” terá a mulher direito a exercer essa sua liberdade? É óbvio que não. As únicas excepções que se poderão colocar são as já consagradas na lei: violação, malformação do feto ou perigo para a vida da mãe.